O Mito de Sísifo


Este foi (até agora) o tema mais complicado que eu escolhi (e eu faço cada coisa...). Lembro que aqui trago leituras particulares das coisas, não são aulas, pelo contrário; quem sabe um start pra maiores pesquisas de quem me lê!
Coragem: Camus escreveu um ensaio muito legal sobre o Mito de Sísifo, onde ele abre dizendo que o suicídio é o único problema filosófico realmente sério que há. E lá vai ele pensando sobre muitas coisas, na falta de sentido do mundo e no reflexo disso na vida da gente. Ele comenta, irônico, que jogamos nossa esperança no amanhã e é justamente o amanhã que nos aproxima da morte. O absurdo é meio a relação da busca que o homem faz de um sentido e um mundo completamente desprovido desse sentido. O Homem Absurdo de Camus é o cara que funciona consciente de que a vida não faz sentido. “Felicidade e absurdo são filhos da mesma terra, inseparáveis”. A resposta, segundo Camus, é a revolta. E é aí que Sísifo se vinga, quando empurra a bendita pedra montanha acima.
Sísifo não era um cara qualquer, era um cara esperto que gostava demais da vida; tanto que havia enganado a morte por duas vezes (daí a condenação eterna). Camus diz que “não há punição mais terrível que o trabalho inútil e sem esperança”. E a gente há de concordar que passar a eternidade empurrando uma pedra imensa montanha acima e vê-la rolar de volta quando se chega ao topo é desanimador. Mas o recado é justamente o oposto. Há quem leia isso como a sina do homem em trabalhar por nada, em desperdiçar a vida enquadrado num sistema sufocante yada yada yada. Mas não é isso, o recado é que o que importa é o TRAJETO. Se a pedra pesa, se vai rolar de volta, se você vai empurrá-la mais trocentas vezes, não importa. A única coisa que importa é como você vai empurrar sua pedra e como vai olhar pra ela enquanto ela rola para baixo. Sísifo tira seu destino das mãos dos deuses que o condenaram, se adona dele e segue com sua pedra. Isso é um problema DELE e ele escolhe como vai viver isso.
É preciso vontade e coragem; não precisa fazer sentido pra mais ninguém. 

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