Medusa Team



Três Górgonas filhas de dois deuses do Mar. Só uma era mortal: a Medusa. Já começa em desvantagem, mas era bonita. Enquanto Esteno e Euriale tinham presas de javali, garras de bronze, asas imensas e eram feias de chorar, a Medusa era uma belezinha passeando pelo país das Hespérides, onde foi criada pelas irmãs.

Medusa conseguiu a aparência que relacionamos a ela (serpentes nos cabelos e olhar petrificante) quando foi violentada por Posseidon no templo de Atena que - não podendo punir o tio, castigou a menina. E só a menina.

Atena não ouviu e não acreditou, possivelmente nem deu chance para que a Medusa se defendesse. Posseidon era um idiota selvagem e ela foi vítima dessa selvageria, da própria beleza, da impotência de uma mulher sozinha e da fúria de outra mulher, igualmente só – mas poderosa.

Medusa foi decapitada por Perseu, com a ajuda das Gréias e das Náiades (forçadas, mas sem elas, ele não teria chegado nem na metade do caminho), e de Hermes, Hades e Atena. Absolutamente desigual.

Há muitas interpretações psicoógicas desse mito. Uma delas diz que a Medusa reflete a culpa que as pessoas trazem em si, que o reconhecimento das próprias faltas, essa consciência é que petrifica a gente. Procede. Até a origem da palavra grega Medusa vem de algo como “assumir com autoridade as medidas apropriadas”. Aqui, mais uma vez, ela é instrumento, ela é usada como desculpa pro que acontece com a gente, com o que não é – nem de longe – responsabilidade dela.

E a teoria sobre o escudo de Perseu, que venceu a morte nos olhos com a reflexão; dizendo que a juventude aprende a refletir e mata o medo que paralisa.

Do pescoço cortado dela, nasceu Pégaso (o cavalo alado – ela estava grávida de Posseidon, deus dos mares, dos terremotos e dos cavalos) e o gigante Crisaor. De suas veias saia um veneno mortal (da esquerda) e um remédio capaz de ressuscitar os mortos (da direita).

Eu não gosto das imagens de sofrimento dela, principalmente a do Caravaggio. Ali tinha dor, mas tinha força. Tinha um pouco de cada mulher que não é ouvida e que se perde em sua própria história. Prefiro essa imagem que eu escolhi hoje, que mostra ela muito maior que Perseu.

Ave Medusa.

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