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Mostrando postagens de junho 17, 2007

O dia em que a Terra parou.

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Há 40 anos, os Beatles lançavam seu oitavo Lp. Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band foi uma opção aos Beatles por quem as fãs arrancavam os cabelos e perdiam a voz! Eles estavam cheios dessa histeria. Depois de Revolver, que já trouxe ares de mudança e é considerado por muitos o melhor disco dos Fab 4, Sgt Pepper’s levou a arte ao máximo da experimentação. Quando antes eles se arriscavam apenas na música, esse LP era conceitual na capa, no modo de ouvir (feito pra ser ouvido de uma só vez, sem intervalos entre faixas), nas propostas e também na música. Numa época e que o mundo vivia movimentos isolados - morria Che Guevara, Gabriel Garcia Marques lançava seus 100 anos de Solidão, e o Brasil aprovava (garganta abaixo) a Constituição da Ditadura com o cerceamento de todos os meios de comunicação - eles colocaram cores na paleta do futuro. John, Paul, George e Ringo voltaram de uma turnê cheia de dores de cabeça. Em Tóquio, eles não conseguiram se apresentar porque o esquema de seguran

Pagando a língua... ou Príncipes.

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Eu (com minha implicância habitual) já disse e redisse que as bandinhas atuais de pop rock são todas iguais. O som é mesmo bem parecido, já fiz matérias sobre o Cpm22 e os Detonautas onde até as fãs se confundiam. Mas o negócio é que há um mês (mais ou menos) atrás, fui com os meninos do NX pra Botucatú cobrir um show, e o agito do backstage pra uma matéria da revista. Eu não conhecia muito da banda, mas meus filhos são fanáticos (é claaaro que eu levei as crianças...). O show foi o que se esperava, a meninada arrancando os cabelos e gritando até perder a voz. Depois, quando fomos encontrar os meninos eu me apaixonei. Quem agüenta uma meninada assim educada? O Di (vocal) é um querido, já tinha lido meu livro dos Beatles e ficou hooras conversando comigo. O Gee (que é o melhor amigo dele há séculos e faz backing vocals) ficou com o Gregório tomando Toddynho e falando bobagens. Trocamos emails e voltamos pra casa no dia seguinte. Desde então, o Gee manda emails super bonitinhos, contando

Cookieliris

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Ele sempre foi o melhor namorado do mundo. Me deu um patinete motorizado de aniversário e ficava me esperando andar pelas ruas do Brooklin naquela velocidade terminal que a patona aqui é capaz. Quando casamos, ele foi fazer algum trabalho na 25 de março e voltou feliz da vida, com o carro lotado de edredons, lençóis e toalhas (tudo descombinado; meu enxoval virou uma zona). Na lua de mel, ele não me deixou descer pra ver as cataratas porque cismou que eu poderia pegar malária com tantos mosquitos; e à noite, ligou pra minha amiga - que me obrigou a comprar uma camisola escandalosa-, só pra agradecer. Quando eu engravidei da Sophia ele quase morreu de alegria (e eu de susto) e aturou nove meses de chiliques, choros, ataques e vontades no maior bom humor. Bordou um quadrinho de ponto cruz (duas meadas de linha pra um quadrinho pequeno) pra me fazer companhia quando eu tava de repouso em casa. Na hora do parto, apareceu no centro cirúrgico, todo paramentado pra irradiar cada coisa que o o

Eu sempre quis ser escritora.

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Talvez porque sempre me pareceu fácil escrever. Você tem a idéia – um milhão delas, pra quem pensa na velocidade doente que eu utilizo- e passa pro papel com um pouco de estilo. Esse pouco de estilo é que me diferencia do Hemingway ou do Caio Fernando de Abreu. Enfim, quando você passou dos quarenta anos , as idéias e as vontades adquirem um gosto urgente que logo vira desgosto e frustração. OK, mais uma coisa que eu não fiz. Não virei cantora, não fui à Europa de mochila, não fiquei famosa nem rica, nem emagreci. Aí já começa aquela preguiiiiça que me persegue sempre que eu imagino que o ponto de partida está bem na minha frente. Você já sonhou com a imobilidade? Sabe aquele desespero (a-do-ro essa palavra) que dá, você querer levantar, sair correndo e não poder se mover? Aquele peso hipnótico aquela letargia sem controle? Tenho um problema sério com pontos de partida. Aliás, se for considerar mesmo a questão dos meus problemas sérios, vou sair do Word e abrir uma planilha no Excel. E

Maturidade & Sabedoria ou Orgulho & Preconceito.

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Eu tenho visto tanta gente se perguntando o que é e o que não é ser maduro, que dá uma pena danada dessa geração de jovens idiotas. Maturidade e sabedoria não são de fábrica, vêm com o tempo. Ainda assim, há quem amadureça pra umas questões e pra outras continue (ou queira continuar) com os arroubos todos que a pouca idade confere. Não adianta sapatear, se você tem 20 anos, e acha o máximo ficar no bar fumando narguilé (pelo menos aprenda a escrever e pronunciar) como se não fosse outra forma estúpida de fumar e adoecer, se acha que é mais bacana, mais sabido, mais gostoso, mais fodão e mais malandro que o resto do mundo, renda-se à sua juventude e falta de prática óbvias e espere mais um pouco. Nunca tantos jovens se suicidaram, beberam, se drogaram e morreram por nada como hoje. Vocês conseguiram a façanha de banalizar a si próprios. A minha geração não pode envelhecer sossegada porque a meninada de hoje é formada 95% por idiotas narcisistas e de uma profundidade intelectual tão rasa

Caio Fernando de Abreu.

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(O nome de batismo tem o “de” e um "Loureiro" também) Li Morangos Mofad os com 17 anos, e nunca mais fui a mesma. Foi o começo da minha doença de escrever. Eu já gostava quando pequena, mas ele despertou todas as minhas pretensões... Como pode um texto tão bom quanto “Sobreviventes” pra ser ouvido ao som de Angela Roro (minha musa absoluta da época)... Você vai lendo e vai ouvindo junto com ele. Você navegando o vazio da Espanha e eu no Leblon. É muita proximidade, dá até medo. Nunca gostei de nada pesado nem triste, nasci em março e sou de adoçar as coisas. Mas com ele sempre foi diferente. Quanto mais niilista, mais cru e mais exposto, mais eu gostava. Hoje além de todos os livros, tenho todas as antologias que foram publicadas! Uma noite, no Madame Satã, dei de cara com ele e (morrendo de medo de fazer papel de idiota) fui lá me apresentar e conversamos a noite toda (e outras depois). Ele não tinha nada da tristeza textual que eu procurava na fumaça daqueles cigarros. U

O nascimento da reflexão.

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Perseu, um adolescente a serviço da sabedoria tinha que entregar a cabeça da Medusa. A resposta ao enorme desafio, dizia Atena, estava no espelho. Esse foi o único conselho que o jovem recebeu antes de partir. Ele poliu seu escudo de bronze e através da imagem que viu nele, pôde vislumbrar a Medusa adormecida e assim, seguiu pé ante pé até aproximar-se o suficiente para cortar-lhe a cabeça. Nesse momento nascia a reflexão que mata - o medo do desconhecido - a morte nos olhos Todo o jovem , em algum momento da vida tem que enfrentar a Medusa. Fico mega feliz em saber exatamente quando e quem foi minha Medusa enfrentada. Morfeu: onde o imaginário não se separa do concreto. São faces da mesma moeda. Na mitologia, não há separação alguma (concreto e imaginário lado a lado) Não é possível a criação de nada sem o imaginário. Morfeu é aquele que dá forma. Morfeu controla as transformações, as metamorfoses. A arte de se transformar e evoluir. Metamorfose é a arte de recriar a si próprio (sempr