Abominável Mundo Novo.


Quando eu estava no primeiro colegial no Rio Branco, ganhei uma bolsa (em algum concurso de redação, ou de palpite na vida dos outros – minhas atividades favoritas) pra um Kibutz em Israel.
Quase morri de felicidade, mas acabei não indo por conta do pavor que minha mãe tinha dos “boatos de terrorismo” que foram apenas boatos, por pouquíssimo tempo...
Tinha acabado de ler um livro sobre o socialismo e achava tudo aquilo maravilhoso. Até porque, como etapa anterior do comunismo, o socialismo tinha mesmo essa função sedutora (que cumpria muitíssimo bem).
Um Kibutz, pra mim era o máximo da perfeição. Não havia ideal mais bem concretizado que crianças crescendo juntas, mulheres trabalhando juntas, homens fortes e serenos dispostos ao esforço físico e intelectual. Todos valendo a mesmíssima coisa, todos igualmente valorizados, sem propriedades, sem imperialismo blá blá blá.
Meus amigos que foram, mandavam aquelas fotos típicas deles colhendo laranjas...
Até hoje me pego sonhando em viver numa comunidade organizada por princípios comuns (já avisei que aqui a maturidade não tem vez).

Enfim, dia desses, li no Estadão uma matéria elogiosa sobre a “adequação dos Kibutz” aos novos tempos.
Como a maioria deles entrou em processo falimentar, os dirigentes (e moradores) começaram a vender terrenos dentro da propriedade (onde uma casa simples chega a valer U$70.000) e categorizaram a remuneração dos trabalhadores. Quanto mais preparado e com mais estudo, maior o salário.
Peraí: agora tem propriedade privada e programa de cargos e salários num Kibutz????

Olha gente, é melhor correr. O mundo tá mesmo acabando.

Comentários

  1. Querida Lesma, eu li algo parecido e também fiquei bastante decepcionado.
    Os valores estão ruindo... os ideais já foram!
    Você escreve que é uma delícia.
    beijão

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  2. Lesminha
    Eu dormi num Kibutz!!
    Por uma noite, naquelas excursões que são de 1 semana para Israel.
    Foi a viagem mais emocionante que já fiz, em todas as fotos eu estou com os olhos vermelhos de chorar, de emoção!
    Começa em Tel-Aviv com direito à faixa de Gaza, e termina chegando em Jerusalém na 6ª feira, na hora do por do sol,onde a cidade fica toda dourada, pela tonalidade das pedras que as casas são feitas, indo direto ao muro das lamentações.Lindo de viver...

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