FEDRA




De novo lembrando que as histórias têm versões. Esta, principalmente tem uma de pegada mais estóica e outra mitológica raiz. Sigo na que me agrada...
Afrodite (mantendo a tradição de Deusas ressentidas e vingativas) se apaixonou por Hipólito (que era filho de Teseu com uma amazona). Mas o cara havia feito um voto de passar a vida dedicado ao culto da natureza e nunca havia de perder tempo se envolvendo emocional ou sexualmente com ninguém (inaugurando o isolamento social grego).
Furiosa, ela faz com que a madrasta de Hipólito, Fedra, se apaixonasse loucamente por ele (o loucamente, aqui, não é nenhuma figura de linguagem).
Fedra não se aguenta de amor (e um razoável fogo na periquita, já que Teseu era um cara beeem ocupado e vivia fora de casa) e vai pra cima do enteado. Hipólito a rejeita de cara e ela (que não era Deusa, mas estava ressentida e quis se vingar), vai até Teseu e diz que Hipólito a atacou. Teseu fica doido (ela era uma posse dele, e para ele isso era muito mais importante que o filho), e manda Posseidon matar Hipólito.
Posseidon reúne forças da natureza e num acidente que envolve monstros marinhos e cavalos assustados, lá se vai o Hipólito pro além.
Fedra fica (mais) maluca quando sabe da morte do amado (provocada por ela) e se mata.
O que temos aqui? A natureza que Hipólito cultuava acima de tudo acabou com ele. O motivo? Ele traiu a própria natureza humana. Assim: nesta vida a gente está no play, a gente tem que brincar. Não existe a possibilidade de seres humanos comuns (não monges, nem padres – e nem vou me aprofundar em deslizes dessas categorias) escaparem de se relacionar, se apaixonar e viverem de alguma maneira o amor.
O amor é traiçoeiro, ser feliz não é única maneira de vivê-lo: a gente quebra a cara, se engana, é feito de bobo, é descartado... mas também é amado e sente que o mundo enfim, deixou de ser um lugar hostil e sem cor. Se compensa a dor de cabeça, cada um tem sua resposta; mas obrigatoriamente terá de passar por tuuuudo isso.
Ah, e a gente sobrevive (na graaande maioria das vezes).

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Meu discurso pra colação de grau.

Ai o amor...

Minhas maluquices particulares