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Mostrando postagens de 2021

Circe

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  Filha de Hélio (deus do Sol). A mãe (Hécate) era a deusa da magia e os irmãos tinham se mostrado bastante talentosos nisso desde cedo. Ela não. Meio como um patinho feio, Circe cresceu sem saber a que veio. Maaaas um belo dia, conheceu um pescador chamado Glauco e se apaixonou. Só que ele, todo amigo, pediu ajuda pra conquistar a ninfa Cila (ninfa sempre dá merda). Enciumada, Circe (meio sem saber oq estava fazendo)faz uma poção que envenena Cila, que vira um monstro marinho devorador de homens. Zeus logo fica sabendo do poder de Circe, que não estava na lista dos bem vindos no Olimpo e nem era do tipo que se podia controlar (nem o poder e muito menos ela). Zeus não era bobo. Exilada na ilha de Eana, Circe aprimorou seus poderes e virou a maior bruxa da mitologia, especialista em venenos e poções. Tansformava os caras que apareciam na sua ilha em porcos. Eles viravam porcos, mas mantinham a consciência humana (ou a coisa não teria a menor graça). Ulisses apareceu um belo dia, na v

Hades, Caronte e o negócio da morte na Mitologia

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  Um belo dia, as Moiras cortavam o fio da sua vida e Tânato (Deus da Morte, já falamos dele) vinha te buscar (o dia preferido dele pra arrebatar vidas é 21 de agosto). Você morria e, ao ser sepultado, seus parentes colocavam uma moeda na sua boca ( a primeira banda do Gregório chamava “A Coin for the Ferryman”). Essa moeda era chamada de óbolo, e servia para pagar Caronte, o barqueiro de Hades, que levava as almas (depois de remunerado) pelos rios Estige e Aqueronte (rio do infortúnio), que faziam a fronteira entre os mundos dos vivos e dos mortos. Chegando nos portões do submundo, estava Cérbero, o cão de três cabeças de Hades, que não fazia mal a quem chegava, mas não tinha a mesma simpatia com quem tentava voltar. Aqueles que não tinham recebido a moeda de seus parentes, ou não tinham sido sepultados, não eram transportados e passavam a eternidade observando Caronte trazendo as almas, além disso, podiam ir e vir do submundo. Essas almas perdidas eram um dos maiores terrores dos v

Aletéia.

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Esopo era um escritor da Grécia antiga, o pai da fábula como estilo literário. Ele contava histórias e colocava uma moralzinha no final (eu tenho essa mania). São dele “A Cigarra e a Formiga”, “A Lebre e a Tartaruga” e mais um monte. Ele nasceu na Trácia (meio onde é a Turquia hoje) e contam que foi vendido como escravo a um filósofo que se encantou com a habilidade dele em contar histórias e acabou libertando o rapaz. Uma das histórias dele é um lado B da Mitologia que tem pouca referência nos livros, mas é boa e eu resolvi contar aqui. Quando Prometeu (já contei essa história) estava fazendo as pessoas com barro, ele fez uma figura com especial capricho, imaginando, à medida que esculpia, que ela seria o modelo de comportamento de tooodos os mortais. Seu nome seria Aletéia. Quando deu o último toque, Zeus o chamou com alguma das suas urgências olimpianas e Prometeu foi acudi-lo. Dolo era seu jovem ajudante e ficou encarregado de tomar conta das coisas enquanto o mestre não voltava.

Ares, o deus da Guerra

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  Filho de Zeus e de Hera, era um dos 12 deuses olimpianos e descrito como um cara de estatura sobre humana, que costumava lutar com tanta fúria que soltava urros a cada golpe. Não à toa, ele foi o grande amor de Afrodite...   Ares andava acompanhado de dois de seus filhos com ela, os demônios Deimos (Temor) e Fobos (Terror). Na Guerra de Tróia, ele foi ferido por Diomedes quando tentou ajudar Heitor, mas Atena, que sempre levava a melhor com Ares, intercedeu e Ares acabou indo parar no Olimpo pra que Zeus cuidasse dele. Um dos filhos de Ares, Cicno (um ladrão cruel) foi morto por Hércules. No momento da morte do filho, ele tentou interceder atirando uma lança em Hércules, mas Atena apareceu e argumentou que esse era o destino de Cicno. Ares (é claro) não deu ouvidos à ela, que desviou a lança e Cicno morreu pelas mãos de Hércules, como estava escrito. O mesmo aconteceu com outra filha dele Pentesileia (não sei quem escolhia os nomes dessas crianças, gente...). Ela era a rain

Poseidon, um cara ressentido que fazia sacudir a Terra

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  Deus do mar, dos cavalos e irmão de Zeus. Irado, instável, impetuoso, violento e imprevisível. Poseidon é a imagem do mar revolto. A Grécia é cercada pelo mar e ele era um cara importante. Só que Zeus era um deus da civilização e do regramento e avançou sobre as forças incontroláveis da natureza que Poseidon representava, e ele perdeu terreno. A arma de Poseidon era um tridente feito pelos ciclopes (que ele e os irmãos libertaram do Tártaro na Guerra dos Titãs) que fazia tremer a terra e o mar. Poseidon era ambicioso e entrava em tudo que era disputa, mas vivia caindo do cavalo (trocadilho besta...). Perdeu Delfos pra Apolo, Argos pra Hera, Metade do Corinto pra Hélio e fez um papelão com a sobrinha Atena.) O embate com Atena foi por conta de uma cidade na região de Ática. Os dois queriam que a cidade lhes prestasse devoção, e fizeram ofertas. Ele ofereceu um cavalo, uma nascente e uma fonte de água salgada. Ela prometeu sabedoria a todos e uma oliveira. A cidade toda votou e

Hefesto

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  Deus do fogo, dos metais e um dos poucos deuses associados ao trabalho braçal (se for pra trabalhar, pra que serve ser deus, né?). Filho solo da Hera (uma versão diz que ele era filho dela com Zeus), ressentida com a paternidade solo dele no nascimento de Atena, Hera tratou de conceber um filho sozinha; mas o bebê era feio demais e (como tudo sempre pode piorar) era coxo. Horrorizada com a aparência de Hefesto, Hera o jogou do Olimpo. Ele caiu no mar e foi recolhido e criado por Tétis e Eurínome (ninfas do mar) que o ensinaram a lidar com metais. Os vulcões eram suas oficinas e ele contava com a ajuda dos Cíclopes e de duas donzelas de ouro que ele mesmo fez (e que, segundo Homero, na Ilíada, “eram dotadas de entendimento de espírito, de voz e força”). Robótica mitológica, senhoras e senhores... O cara fez tudo que é artefato importante na mitologia: o escudo de Zeus, a armadura de Aquiles, o tridente de Poseidon, a Flecha de Eros, as sandálias de Hermes... e um trono de outro

Hestia (uma deusa estóica)

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  Primeira geração de deuses olímpicos. Irmã mais velha de Zeus, Héstia foi a primeira engolida por Cronos e a última a ser “desengolida”. Uma das três deusas virgens (junto com Atena e Ártemis). Na contra mão do comportamento da maioria dos outros deuses, Héstia praticava a castidade. Num acordo com Zeus, ela conseguiu se livrar de ter que se casar (como fez Ártemis, mais tarde) e manteve a castidade, sendo venerada nos lares e permanecendo em paz, respeitada por todos. Sabe-se lá como (com os cromossomos que tinha, com aqueles pais e irmãos) ela passou a vida afastada de intrigas e rivalidades.   Afrodite (sempre ela) achou um abuso essa castidade toda e mandou desejo aos montes a Apolo e Poseidon para acabarem com a graça da tia. Não funcionou. Héstia era representada pelo fogo sagrado, representando a iluminação, o calor e o aconchego. Em Delfos, havia uma chama que tinha vindo direto do Sol e era conservada em sua homenagem. A luz do fogo sagrado que aquece e simboliza a p

Belerofonte (os piores nomes da mitologia, certamente, são os desta postagem)

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  Filho de Poseidon, e adotado por Glauco, B. fazia parte da família real do Corinto, até o dia em que, acidentalmente, ele mata o tirano da cidade. Para se purificar, era preciso a benção do rei de uma cidade próxima e ele foi a Trezena procurar o rei Preto. Numa história suuper Fedra, a esposa de Preto caiu de amores por B., que a recusou e ela, ressentida (eu falo que amor ignorado é a pior desgraça que tem...) foi dizer ao marido que o rapaz tinha tentado seduzi-la. Uma das leis mais respeitadas naquela época era a que regia a hospitalidade (até Zeus respeitava) e ele achou melhor mandar o sogro matar o assediador. Sem dizer nada a B., mandou-o ao sogro (ainda atrás da bendita purificação) e junto mandou uma carta pedindo que Iobates (seu sogro), rei da Lícia, matasse B. assim que ele chegasse na cidade. Mas Iobates também respeitava as leis da hospitalidade e preferiu mandar o visitante cumprir tarefas das quais ele certamente não sairia vivo. Matar a Quimera era uma delas, mas el

Wuthering Heights. Entre o perfume e a permanência

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  Li “O morro dos ventos Uivantes” quando era bem novinha. Dei um exemplar pra Sophia na adolescência, mas ela não achou muita graça. É um puta livro, mas não é o meu preferido desse gênero (eu sempre gostei mais dos livros da Charlotte). Mas eu sempre lembro de uma passagem onde a Catherine fala sobre o amor que ela sentia pelo Heathcliff e pelo Edgard. Pra quem não leu ou tá com a memória piscando, a grosso modo: o Heathcliff foi criado com ela, era um cara meio selvagem, instintivo e pobretão (mas sempre foi o amor da vida dela). O Edgar era o vizinho riiiico, educado e polido. Ela era louca pelo Heathcliff, mas se casou com o Edgar. Claro que depois de casada ela passa a se perguntar se fez a escolha certa optando pela segurança em detrimento do amor, mas os tempos eram outros e não tinha como voltar atrás. Pensando nisso tudo, ela fala que há dois tipos de amor: um que funciona como as raízes de uma árvore, garantem que ela viva, são responsáveis pela permanência dela no

Prometeu, Pandora e quando a esperança vira uma roubada

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  Eu já contei a história do Prometeu acorrentado aqui antes, mas quero falar outra coisa, de outro recorte (pra dar uma pegada mais acadêmica...haha). Prometeu foi castigado por ter entregado aos homens o segredo do Fogo (que devia ficar restrito aos deuses). O Fogo traz, em si a técnica. A técnica é a vantagem suprema que faz com que homens sejam superiores aos animais, aos outros homens e através do fogo foi dado o start geral no aprimoramento da categoria. A técnica aproxima os homens de Deus, que – em sua arrogância- esquecem sua condição mortal e saem arriscando e cometendo hybris (que eu também já expliquei aqui). Bom, lá se foi Prometeu pro Monte Cáucaso servir o próprio fígado de aperitivo noturno eterno a um abutre sem restrições alimentares... Esse foi o castigo reservado a um deus que traiu o Olimpo. Mas a humanidade também foi castigada com Pandora e a bendita caixa com os males do mundo. Na caixa, a guerra, a peste, os vícios, a mentira, a velhice, o trabalho (Pandora

FEDRA

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De novo lembrando que as histórias têm versões. Esta, principalmente tem uma de pegada mais estóica e outra mitológica raiz. Sigo na que me agrada... Afrodite (mantendo a tradição de Deusas ressentidas e vingativas) se apaixonou por Hipólito (que era filho de Teseu com uma amazona). Mas o cara havia feito um voto de passar a vida dedicado ao culto da natureza e nunca havia de perder tempo se envolvendo emocional ou sexualmente com ninguém (inaugurando o isolamento social grego). Furiosa, ela faz com que a madrasta de Hipólito, Fedra, se apaixonasse loucamente por ele (o loucamente, aqui, não é nenhuma figura de linguagem). Fedra não se aguenta de amor (e um razoável fogo na periquita, já que Teseu era um cara beeem ocupado e vivia fora de casa) e vai pra cima do enteado. Hipólito a rejeita de cara e ela (que não era Deusa, mas estava ressentida e quis se vingar), vai até Teseu e diz que Hipólito a atacou. Teseu fica doido (ela era uma posse dele, e para ele isso era muito mais importan

Páris

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  Filho do Rei Príamo e Hécuba, que, ainda grávida, sonhou que paria uma tocha em chamas que incendiavam Tróia. Príamo consultou um vidente pra saber o significado do sonho, que era claro: a criança seria a ruína de Tróia. Ele decide matar o bebê logo que nasceu, mas Hécuba pediu que ele fosse abandonado na floresta (ah, o amor materno...). Todo mundo tocou a vida e ele cresceu criado pelos pastores do Monte Ida, sendo chamado de Alexandre. Uma de suas maiores diversões era promover brigas entre touros, e um deles ganhava todas. Um belo dia, aparecem no Monte, alguns empregados de Príamo procurando um touro campeão que seria o prêmio dos jogos fúnebres em memória do filho morto do Rei (ele mesmo) e confiscam o touro. Páris, sem saber de nada, é claro, decide participar de seus próprios jogos fúnebres pra vencer e trazer o touro de volta. Ele vence todas as provas, derrotando o príncipe Délfobo (seu irmão), que fica furioso por ter perdido (e cheeeeio de espírito