A Dama do apocalipse

 

Clitemnestra foi um dos quatro bebês de Leda (dois com Zeus: Helena e Pólux e dois com Tíndaro: Clitemnestra e Cástor). Zeus possuiu Leda metamorfoseado em cisne e há uma versão da história que diz que ela botou dois ovos de onde saíram um casal de gêmeos em cada.

Ainda jovem, Clitemnestra se apaixonou pelo rei Tântalo (não aquele do suplício famoso), casaram e tiveram um filho. Um belo dia, os atridas Menelau e Agamenon apenas apareceram, mataram Tântalo e o bebê e ela foi obrigada (pelo pai) a casar com Agamenon, enquanto Helena casou com Menelau.

Muitos anos e quatro filhos depois (Ifigênia, Electra, Crisóstemis e Orestes), Agamenon parte para a Guerra de Troia pra recuperar Helena que fugira de Menelau com Paris. Um belo dia, chega um aviso que Ifigênia deveria ir encontrar o pai no porto de Aulis (onde os barcos que iriam para Troia estavam) para casar com o herói Aquiles. O cara era um partidão e mãe e filha seguiram viagem animadíssimas, para chegar no porto e darem de cara com uma cerimônia sacrificial onde Ifigênia foi degolada pelo próprio pai (para cumprir uma profecia de Calcas que dizia que só depois disso haveria o vento que faria os barcos navegarem). Os barcos partiram e Clitemnestra volta pra casa em absoluto desespero.

A Guerra durou dez anos, e mais dez pra voltarem pra casa. Quando Agamenon voltou, ainda trouxe Cassandra como escrava concubina. A primeira coisa que Clitemnestra fez foi matar o marido com golpes de machado assim que ele saiu do banho, depois matou Cassandra (coitada). A essa altura Clitemnestra vivia com Egisto (irmão de criação de Agamenon), e eles bem tentaram ser felizes para sempre, mas a gente sabe que em mitologia isso non ecziste. Ela acabou morta pelo filho Orestes.

É interessante a gente ver como TUDO é uma questão de ângulo. Se você vê por um lado, a sombra esconde uma parte. Se muda, ela esconde outro. Já cansei de jogar pedras na Clitemnestra em textos anteriores, mas consigo entender mais as machadadas que as piadas racistas, misógenas e preconceituosas que andam fomentando tantas paixões nos últimos dias. Pensando bem, QUASE TUDO é questão de ângulo. Tem coisa que não tem perdão e acabou.