Os deuses do tempo: Cronos e Kairós


Cronos governa o tempo que se mede (não é à toa que é nome de uma enorme linha de cremes antienvelhecimento), aquele tempo que te destrói, que gasta a gente, que se risca na folhinha. É o tempo que ninguém quer.
Quando os filhos dele nasciam ele os devorava e isso é uma ótima metáfora pra ver o tempo como uma força que gera e devora. Ele cria um segundo, esse segundo morre porque ele (o próprio tempo) passa depressa e já vem outro na sequência...
Kairós veio depois, como filho mais novo de Zeus, e foi a partir da percepção dele que surgiu a distinção entre o tempo que corre e o que a gente aproveita (o que mata a gente e o que a gente vive).
Esse tempo oportuno, que a gente bebe em pequenos goles, com prazer é o tempo de Kairós. A imagem dele é interessante, já que mostra um cara que andava nu (despreocupado, desencanado, tranquilo) com asas nas costas e nos pés (sempre sempre sempre em movimento) e com um único cacho de cabelo na franja e o resto da cabeça sem nenhum fio de cabelo. Isso mostrava que você pode tentar agarrar o tempo pela frente, enquanto ele vem, mas depois que ele passa não tem mais como segurar...
É interessante pensar no que a gente faz com o tempo, como a gente vive a única coisa que a gente realmente tem, e que é a mais líquida... Eu, sinceramente, sou um extremo (reconheço com essa mesma sinceridade que pode ser um erro). Eu me desespero vendo o tempo passar e não fazer nada. Esperar é um suplício e eu não entendo gente que senta e vê, pacificamente, a vida passar como se a fonte do tempo fosse inesgotável ou estivesse à disposição; e ela não está. Mas é a minha natureza e eu passei da idade de mudar isso. E você?
“Disparo contra o sol, sou forte sou por acaso, minha metralhadora cheia de mágoas...”

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